Contribuições da psicologia corporal para um trabalho de parto natural

Por:

Andressa Cristina Trevisan - CRP 08/27579

A Psicologia corporal compreende que a saúde mental e o processo terapêutico não se limitam apenas a uma terapia psicológica, passando então a estudar e aplicar a psicoterapia diretamente voltada ao corpo e inclui em seu conceito o trabalho nos aparelhos psíquico e físico (NAVARRO, 1996).

A importância da psicoterapia corporal nasce da compreensão de que o corpo contém a história do indivíduo e é através dele que a psicologia corporal busca resgatar as emoções mais profundas. Seu princípio básico é o “restabelecimento da mobilidade biopsíquica”. Para isso, a Psicologia Corporal atua também com movimentos corporais específicos, que tem como função trabalhar a emoção contida no segmento corporal e permite a abertura psicoemocional necessária para acessar e trabalhar adequadamente qualquer trauma (REICH, 1986).

Em um momento específico e único como a gestação, a Psicologia Corporal contribui de maneira vital, visando não só o estudo e compreensão do psíquico, mas também das mudanças corporais vividas e sentidas pela mulher. Ao longo da gestação, são experienciadas sensações, medos e mudanças corporais que precisam e devem ser expressadas, pois o bem estar da mãe influencia no bem estar do bebê. A mãe que carrega o bebê, atinge ao final da gestação, um misto de sentimentos e mudanças corporais precisam de atenção e cuidado para que os sentimentos de medo, quando vividos sem expressão ou inadequadamente, resultem em um estado de ansiedade, vigília constante e angústia que podem chegar ao pânico (GRANATO; VOLPÍ, 2014).

A presença de ansiedade exagerada por parte da mulher ou do acompanhante; a tendência à passividade; a dificuldade de entrega aos prazeres da vida, a atitude de deixar o controle do processo às outras pessoas (que em muitos momentos é involuntário) e a assistência obstétrica prestada, são fatores que podem contribuir como empecilhos para um trabalho de parto natural (ERTHAL; VOLPI, 2018).

O acompanhamento pré e pós-natal em Psicologia corporal atua em todos os aspectos vividos e experienciados pela gestante, iniciando seu acompanhamento desde o momento de reestruturação e transformação, corporal, governando os bloqueios corporais energéticos e psíquicos chegando ao acompanhamento psicológico preparatório para o parto, onde se trabalha para que a separação da mãe e do filho no parto se tornem menos traumática, ressignificando este momento com um trabalho biopsíquico específico, tornando-o uma experiência de grande troca de afeto e atenção entre a mãe, o bebê e a família (GRANATO; VOLPÍ, 2014).

No trabalho da psicologia corporal, a proposta é realizar o relaxamento pélvico através de actings específicos e além dessa região, são propostos exercícios para o pescoço, diafragma, abdome e outros segmentos corporais que poderão ser analisados durante a elaboração do projeto terapêutico como necessários para o bem estar e conforto da gestante (NAVARRO, 1995).

Em um estudo realizado em 1995 pelo médico e psiquiatra Frederico Navarro, demonstrou que o trabalho psicológico e corporal específico para diminuição da ansiedade (sintoma frequente na gestação e que prejudica a gestante, ativando hormônios antagônicos aos do parto), medo e aumento do relaxamento da pélvis, realizado com um grupo de gestantes demonstrou-se promissor, tendo em vista o fato que todas as gestantes do grupo tiveram partos mais curtos e menos dolorosos.

As gestantes relataram ainda mudanças positivas no humor, sensação de paz, redução da ansiedade e seu bem-estar atuou positivamente para o início de parto espontâneo.

O trabalho biopsíquico da psicologia corporal compreende desde o momento da concepção, olhando as situações sentidas pelo bebê e entendendo que o corpo do bebê está se formando, assim como sua psiquê e o projeto terapêutico para gestantes engloba as emoções vividas pela mãe e pelo seu meio e o entendimento de que elas serão sentidas pelo bebê e influenciarão seu temperamento e personalidade. O enfoque da psicologia corporal valoriza a forma de gestar e nascer (parto).

O preparo físico e psíquico da mãe trará ao momento do nascimento emoções puras e amorosas, evitando traumas e abruptalidades advindas do temor, ansiedade, medo ou sentimentos e emoções negativas advindas do despreparo para este momento.

Referências

GRANATO, Liz.; VOLPÍ, Sandra Mara. Do desejo de gestar até a amamentação: uma visão da Psicologia Corporal. In: ENCONTRO PARANAENSE, CONGRESSO BRASILEIRO, CONVEÇÃO BRASIL-LATINOMÉRICA DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS, XIX, XI, III, 2014. Anais. Curitiba: Centro Reichiano, 2014. [ISBN – 978-85-87691-24-8]. Disponível em: ww.centroreichiano.com.br/artigos_anais_congressos.htm

NAVARRO, Federico. A Somatopsicodinamica: sistemática reichiana da patologia e da clínica médica. São Paulo: Summus, 1995.

REICH, Wilhelm et al. Análisis del carácter. Paidós, 1986.

ERTHAL, Rosana Rodrigues de Moraes; VOLPI, Sandra Mara. A Psicologia Corporal e os bloqueios energéticos no trabalho de parto. In: VOLPI, José Henrique; VOLPI, Sandra Mara (Org.) XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS. Anais. Curitiba: Centro Reichiano, 2018 [ISBN – 978-85-69218-03-6]. Disponível em: http://centroreichiano.com.br/anais-doscongressos TELHADA, Jessica Araújo Lourenço; VOLPI; Sandra. Cuidados na concepção, gestação e parto sob o olhar da Psicologia Corporal. In: VOLPI, José Henrique; VOLPI, Sandra Mara (Org.) 23º CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS. Anais. Curitiba: Centro Reichiano, 2018. [ISBN – 978-85-69218-03- 6]. Disponível em: <http://centroreichiano.com.br/anais-dos-congressos>

MaterOnline e a Psicologia Perinatal


O Instituto MaterOnline é uma Instituição especializada na oferta de cursos de formação e pós-graduação a distância (EAD) na área da Psicologia Perinatal. Conheça a Pós-graduação em Psicologia da Gravidez, Parto e Pós-parto tocando aqui e também a Formação em Psicologia Perinatal e da Parentalidade tocando aqui.

PARE DE ERRAR NA PRECIFICAÇÃO DO SEU ATENDIMENTO
ESTÁ FALTANDO PSICÓLOGOS QUE ATUE NESSA ÁREA
ERRO QUE OS PSICÓLOGOS COMETEM NA HORA DE FAZER PARCERIAS

Deixe seu comentário aqui