A ambivalência na experiência de tornar-se mãe

Por:

Thaísa Tobias - CRP/08 33156

A ambivalência é quando acontecem, ao mesmo tempo, dois sentimentos opostos, como, por exemplo: amor e ódio, felicidade e tristeza. Ao descobrir a gestação, independentemente, de ter sido planejada ou não, a mulher passará pela ambivalência. Cada uma sentirá esse fenômeno de uma forma única e singular, mas ele irá acompanhar a jornada da maternidade.

É importante ressaltar, que a ambivalência, faz parte não apenas da gestação, mas da vida como um todo. Sendo possível percebê-la em diversos aspectos e situações do cotidiano, tais como: nas relações conjugais, profissionais, nos estudos, relações familiares, dentre outros.   

Pensando na gestação, haverá momentos de satisfação e insatisfação, de forma concomitante, não sendo algo exclusivo da grávida. A gravidez não torna as mulheres seres que possuem sentimentos e experiências inumanas, pelo contrário, elas sentem aquilo que é comum a todas as pessoas e que irá proporcionar impactos diferentes em cada uma.

Ao descobrir a gestação, a mulher pode ao mesmo tempo se sentir feliz e triste com a notícia, se sentir preocupada, mas satisfeita. Ter a certeza que fará o seu melhor enquanto mãe e na mesma medida desconfiar de sua capacidade de exercer tal função. Se colocar em dúvida se aquele é de fato o melhor momento para se tornar mãe, mesmo nos casos em que houve o planejamento (MALDONADO; DICKSTEIN, 2010).

No entanto, em nossa sociedade a grávida é vista como alguém que está na plenitude de sua vida, que está se realizando enquanto pessoa, alguém que por regra deveria estar somente feliz, ela é quase santificada, despersonificada. O senso comum romantiza a maternidade e isso gera alguns problemas, principalmente quando essa mulher sente a necessidade de desabafar, de conversar com alguém próximo, seja um familiar, cônjuge ou amigos. Em geral, ela é interditada em sua fala e recebe julgamentos dos mais diversos, o que prejudica ainda mais a vivência da ambivalência, é como se essa mulher estivesse sendo uma “mãe ruim”, porque a grávida só pode sentir felicidade, aos olhos da nossa sociedade.

Esses estereótipos sociais, sobre a grávida acabam por desconsiderar a subjetividade da mulher e silenciar suas angústias e anseios. Ao sentir a ambivalência muitas gestantes podem entrar em grande sofrimento porque tudo o que escutaram a vida inteira sobre a maternidade vai na contramão da experiência singular que estão vivenciando. Não lhes é informado sobre esse outro lado da maternidade, do tornar-se mãe, assim algumas se calam, tentam esquecer dos pensamentos que vão surgindo. Outras, ao colocar para fora esses sentimentos ambivalentes são duramente julgadas e assim, entendem menos ainda o que estão vivendo.

Consequentemente, podem começar a desacreditar de sua potencialidade enquanto mães, passarem a ter uma percepção negativa sobre si e sobre suas futuras práticas parentais, podem sofrem em silêncio e em alguns casos mais acentuados entrarem em processo de adoecimento físico e mental.

O psicólogo perinatal e da parentalidade é o profissional ideal para trabalhar com esses sentimentos ambivalentes da gestante, o acolhimento, a escuta empática e atenta dessas vivências subjetivas se faz essencial no processo terapêutico. Dando margem a livre expressão dos sentimentos, sem julgamentos e possibilitando que essa mulher possa se perceber dentro de sua singularidade, respeitando sua história de vida e o seu momento. Estimulando a construção de uma rede de apoio para amparar a grávida na gestação, no parto e no pós-parto, assim como o envolvimento emocional e participativo do companheiro(a) da mulher, pois esses são fatores de proteção para prevenir e/ou evitar o agravamento de alterações emocionais significativas.

REFERÊNCIAS:

MALDONADO, M. T.; DICKSTEIN, J. Nós estamos grávidos. São Paulo: Integrare, 2010.

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